Em Janeiro de 2001, eu e o Mattoso nos reunimos para acertar uma tarefa já em retardo: "Refazer o Loupha". Em todos os detalhes, este conjunto tinha de trazer de volta a alegria que sentíamos ao tocar naquele que foi o maior pequeno conjunto que conhecemos.
Estávamos duros como sempre e eu tinha um belíssimo e completo equipamento.
O do Mattoso (a guitarra e o amp) estavam em Porto Alegre (onde ele morou muito tempo) e teria de viajar para trazê-lo. "Never mind, depois a gente faz isso".
Brincamos um pouco e ... bom o Mattoso estava severamente enferrujado (parecia minha bicicleta do Guarujá). Sabíamos que levaria tempo.
Enquanto isso vamos juntar OS OUTROS.
Eu já havia escolhido há muito o Tom (Sergio Vernareccia). Um baixista fácil, alegre e bola-pra-frente. Não podia perdê-lo.
O Pandinha na bateria. "Sempre" o Pandinha era a escolha nº 1 porque ele foi amigo de infância, nós começamos juntos no The Delayers (1960), tínhamos dado muitas rizadas juntos e ... eu nunca conheci um baterista melhor que o Pandinha.
Bola rolando: O Tom arrumou um lindo baixo Gianinni emprestado, o Mattoso pegou minha Azul e começamos a ensaiar. A mágica logo pintou. Grandes músicas ... tudo saía fácil, de Byrds a Beach Boys e ... "- Meu, esse é o Loupha, igualzinho"
Igualzinho era um conjunto com tudo mal feito, uma variedade estúpida de músicas e estilos, tudo-na-hora com qualquer instrumento e ... muita farra. Ensaios das 10:00 às 20:00 sem cansar (querendo mais). Eu logo voltei à manha de tocar guitarra e teclado ao mesmo tempo enquanto cantava (é muito divertido, tira o stress)
3 vozes bem arranjadas, guitarras com som de guitarra, teclado muito especial e baixo com som de baixo, limpíssimo.
A escolha do equipamento levou muito tempo. Tinha sobrando, mas decidimos montar o menor e mais portátil equipamento possível e, que soltasse o "impossível". Nasceu assim o nosso querido "robozinho", um rack de só 50 cm. que contém (espremido) um bom monte de aparelhinhos, caríssimos e raríssimos. Unindo o robô ao computer ... te dá asas!
Tudo é ligado no robozinho: as vozes, as guitarra e o baixo (e ótima previsão para a bateria também). Cada música tem um som próprio e diferente, você ouve Animals seco e Dave Clark5 explodindo.
Fomos ensaiando por 2001 e quando estivéssemos bem começaríamos a ensaiar com a bateria. Foi assim que terminado 2001 (e bem), fomos ensaiar o Pandinha. Um só ensaio foi suficiente (eu havia tocado hà anos com ele e ele conhece os "meus gingados"). Bom, sem problemas, basta sair pra rua.
Parece brincadeira mas às vezes tudo muda e ... bom o Pandinha teve um problema na família e ficou impossibilitado de tocar. "- Justo no primeiro show!?". Pois é, fomos tocar na ACESC sem o Pandinha e nos salvou o Zé Orlando do Holly Tree (que fez um lindo show).
Nesta hora apareceu a Audrey para brincar de cantar (nós sempre sonhamos com uma voz feminina - mas sem os problemas de mulher). A Audrey eu a conheço de criança e acompanho sua carreira de cantora há tempo. Ela é bonita, doce e decidida. Assim a Audrey foi ficando ... não era nosso plano mas o apoio do Gustavo seu recém-marido foi crucial e cá está ela cantando conosco. Ela é muito animada, engraçada e ... como todos do Loupha, dedicada.
Falta o baterista? Bom, o baterista mais legal que eu conheço é o Levy (que fez comigo o B-12) mas ele está com o Celsão Cebola ... deixa eu telefonar. Taí, o Celso (comigo nos Lips, Estudio FA, Ciclettes e depois o Beatles4Ever) queria retornar aos Beatles e não deu certo, e o Levy, livre não titubeou em fechar conosco "no-escuro" (o B-12 era uma linda família - Ray, Eu, Marcos Rosset, Levy e depois Dudu Fecarotta).
Em Março tudo começou a se acertar. A guitarra do Mattoso foi cuidadosamente reformada (a mais rara Baldwin do mercado) junto com o amp (reserva pessoal dele). Até surgiu uma SuperSonic 64 ("a" reformar). O Tom comprou "aquele" baixo (nós não abrimos mão de um Gianinni). A Audrey já havia "pego" as músicas (que nada eram do seu estilo) e o conjunto foi formando o seu vastíssimo repertório. É rock a dar com pau, só rock e dos melhores. Músicas? Mais de 100. A seleção especial tem sempre 64 (eu gosto, é binário). Foi quando começamos a "formar" com o Levy, num estudio alugado eventualmente. Os ensaios são sempre sem bateria (só baquetas). Nós ensaiamos a cabeça (ela é importante).
Em Junho começamos nova fase. Tudo pronto e perfeito. Pois bem, vamos ao que falta. O Mattoso já está em ordem, é hora de treinar. O Tom e a Audrey devem "dividir" melhor o vocal. O Levy vai "achar" o seu som junto com o cantor, eu. Diferente de tudo que havíamos feito nos conjuntos anteriores.
2002 fechou com ouro. A última festa (da Ex-FGV no Tom Brasil) foi a amostra da carreira em 2003. Belo som, público maravilhoso, muita dança e buxixo.
O equipamento é crucial para esta empreitada. Mais que o equipamento, o som. O robozinho foi redesenhado 3 vezes e já planejamos a quarta. Esta nos planos um mega-micro-microcomputador e um melhor distribuidor de canais. Existe ainda a opção de um mixer inteligente (o som fica mais limpo). Tudo muito caro. Tocar com um bom som faz os músicos acreditarem em si. O Fernando "Entrevista" é o técnico, está começando mas já mostrou eficiência e é "dos nossos".
Para todos do Loupha, o melhor é o ambiente. Tudo é festa, alegria e ... mesmo assim a seriedade é muito forte, a responsabilidade e a camaraderia. Somos uma linda família.
Pé direito. Muitos convites e lá vamos nós.
Tocar várias vezes no Emporio foi o maior treino. Chegamos ao ponto almejado (chutar o balde, inventar na hora e aceitar qualquer pedido da platéia). Pintou até "Banana Boat" e "The Diary".
Foi o ano do Levy. Tocando uma bateria eletrônica super-portátil (que deu muita canseira para funcionar a contento) e cantando, fez com que tivessemos de "resetar" nossos conhecimentos musicais. Foi bom! O Mattoso reformou a Supersonic '65 no Jair da Vintage (lindo trabalho - Fiesta Red, novinha!) e mudou drásticamente seu modo de tocar "a velha base".
O Loupha fez (ou está fazendo) nome. Tocamos no Caretas Bar (R. Aspicuelta 208 - V. Madalena), Piu-Piu e All Black.
O ano começou bem com a nova bateria eletrônica acertada, o som acertado, e o conjunto "mais que ensaiado".
Aí, em Agosto e o Tom saiu do conjunto. Nunca entenderemos a crise que "é só dele" e que foi crescendo durante 2004 até sua definitiva despedida em Junho. O Tom foi sempre um bom companheiro e um maravilhoso baixista, Assessor Técnico da história do Rock.
Dai? Começar de novo é sempre bom. A gente cresce com os reveses. Novas músicas, novos músicos, novo som ... o Rock é assim. Sempre foi.
Aí chegou o Celso Anieri. Amigão do Vermelho e do Levy. Toca tudo e é muito animado. Muito desorganizado. No palco, tudo certo. Com o Celso o Rock rola solto. A inauguração dele no Caretas foi memorável e lembrou os velhos tempos do Loupha no Empório. Mas também não deu. Ele tem problemas pessoais e estes o tiram do caminho musical.
2004 não foi um bom ano para os componentes. Por outro lado (o do público), a aceitação, fama e alegria renderam um belo gostinho de sucesso. O Loupha ficou com "cara de gente" e se tornou adulto, em tudo ... tanto que .... TÃ-RÃ-RÃ!!!
Pula! O Loupha ficou quase parado durante 1 ano inteiro. Ano e meio de bobeira. Nesta história, inclui-se a ajuda do Zeca Madio e seu Restaurante Spazio onde o Loupha fez mil acústicos pra galera cantar junto. Dessa saiu o novo e garboso baixista, o Edgard Romanelli. 2005 é lembrado como o ano dos "Perdidos nello Spazio"
Novamente na rua. Agora vigoroso com a garra e o carisma do Edgard no baixo, muito ensaio com o Levy (agora com nova bateria - a portátil eletrônica), boa administração do repertório e muito risco no estilo. O público, agora próprio, está voando baixo. Só alegria.
O som está perfeito, o equipamento moderníssimo e ajustado e ... Rock de Verdade. Guitarra e microfones sem-fio, violão acústico maravilhoso. O Loupha se superou fazendo Spot-Shows do Elvis e revertendo o repertório para esdrúxulos cha-cha-cha e Greenday. Enfim ... o velho Loupha, inesperado, exasperado.
O ano começou com projetos arriscados: Gravações em alta definição, 5.1, novos equipamentos e um estilo mais relaxado e bem Loupha. Cumprimos tudo. Os resultados serão sentidos desde o início de 2008.
Tudo redondinho. O Levy estreou sua peça "O Amante do Meu Marido" e o sucesso foi tal que ele teve de dar um break (provisório). Neste tempo contamos com a participação do baterista profissional Rodolfo Baumes. Tocamos muito no Bar Maria Madalena (R. Ferreira de Araujo) - cansa tocar direto. 2008, enfim, ano da solidificação "dos e das" Louphettes.
Durante 4 anos tocamos e nos divertimos como loucos. Vermelho, Mattoso, Edgard, Audrey, Levy, mais convidados como o Rodolfo Laumes e o Alaor Checchia levaram alegria para o belíssimo público que nós internamente chamávamos de Louphettes. No Caretas, Sagrado, Madalena e vários outros bares, fizemos a festa.
Aí veio 2013 com seu tsunami de leis! Lei do alvará, lei do luminoso, lei da placa, lei do fumo, lei do PSIU, lei da bebida, blitz das bebidas ... e os vários bares onde tocávamos fecharam arrazando com o mercado. Nós paramos. Estragou tudo. Nossos bares eram semi-abertos, claros, respirados ... o Loupha 2 como conhecíamos acabou. FIM!