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Equipamento de Audio - Oldies

Não sou colecionador. Os aparelhos que aqui aparecem são ainda atuais e estão em perfeitas condições de uso. Tenho-os porque são insubstituíveis por alguma razão. É so uma homenagem aos grandes fabricantes ou inventores do Audio e uma grande desculpa pelo muito dinheiro que eu e o Loupha já gastamos, tentando encontrar o "som perfeito".
Marcos Ficarelli
Amplificador The Fisher 30W

Amplificador THE FISHER 30W (1950)

O primeiro amplificador hi-fi que entrou no Brasil. Mono, claro. Meu pai o encomendou para ajudar em testes no recém-formado IPT (da hoje USP). Um "Fisher's first" projetado por Avery Fisher. Linearidade perfeita 100%, trabalhava com 2 válvulas EL34 e grandes transformadores (pesadíssimo). Foi usado na inauguração do Radio City Hall junto com o Pré (que dei de presente ao Stefano de Roma). Graves inigualáveis, redondos.

Talvez seja exemplar único. Tinha um regulador automático de impedância e um circuito limitador que, jamais soube se funciona.


Filtro ativo The Fisher Hi-Lo

Filtro (faca) THE FISHER Hi-Lo (1950)

Este aparelho, ninguém comprou. Era uma sofisticação descartável ($100) e só foi usado quando, no Radio City Hall, puseram 4 amplificadores como o acima. Este filtro era usado para os cantores porque eliminava o "puff" (Lo - naqueles mics horríveis da época). Usava uma válvula 12AX7 e um circuito equalizador até hoje secreto da Fisher.

Hoje, com a tecnologia avançada, um filtro ativo como este faz mágica. Tira puff (Lo), filtra um som de guitarra Fender transformando-a em Gibson (Hi) e é ótimo para se gravar com distorsor (Hi - tira o ardido) ou teclados muito agressivos (Hi e Lo). Não há similar.

Este filtro foi usado em 1981 para salvar a mixagem de um LP da Gal Costa (Lo - cheia de puffs).

Recebi de presente do finado amigo Hamilton Franco.


Limiter Level-Loc SHURE

Limiter analógico "LEVEL-LOC" SHURE (1970)

Custava 400 paus (¿cruzeiros? mil?) mas comprei por 260 porque não vendia. Servia pra que?

Foi usado inicialmente no audio das transmissões a longa distância na TV. Toda van da Globo, tinha um. Seu grande uso nos USA era em palestras e igrejas para limitar o volume do microfone. "Level-Loc" era um sistema que fixava em 1 Volt a saída do audio que entrasse no input (único pot). Travamento perfeito. Bem regulado, usando um microfone Shure (565 ou SM-58) parece que o aparelho descobre o que estamos cantando.

Sempre desconfiei que o Freddie Mercury usava um desses.


Vocoder ELETRO-HARMONIX

Vocoder analógico (rack) ELETRO-HARMONIX (1981)

Foi dos últimos aparelhos feitos em NY e, certamente o mais caro ($900) da E-H. Era barato, já que seu único concorrente (Roland) custava $2600. Eu o troquei pau-a-pau por uma mesinha Sony (tinha!). Uma jóia. Quem conheceu os aparelhos da E-H sabe que é impossível distinguir entre o analógico e o digital. Era tudo um meio-termo.

O que é? No vocoder você usa 2 sons. Um é o "input a processar" (ex.: voz, guitarra). O outro é o "som processador" (ex.: teclado, noise, synth). Deste modo, se bem regulado, você canta no input e o teclado processa a voz no acorde existente, produzindo um coral. Nota: no sentido inverso (entra teclado - processa a voz), faz-se um "órgão-falante".

Só havia 2 no Brasil. O meu foi coqueluche nos estúdios (para efeitos de voz) e eu usei muito no início dos teclados modernos (1983).

Sempre desconfiei que o Queen usava um desses.


Distorsor Big Muff π

Distorsor BIG MUFF Π (Eletro-Harmonix 1980)

Este, de 1980, é muito especial.

O Luis Carlos Maluly me apresentou em 1971 ao Big Muff Pi. Maravilhoso distorcedor mas ... não gostamos tanto. Havia o Colorsound e um "custom-made meu" criado pelo Ulisses Guimarães Neto, que se adequavam melhor aos Marshall. Já em 1975, eu comprei um novo e "o redescobri", aprendendo que havia um modo especial de tocar na guitarra para que ele pudesse dar tudo o que podia (o máximo do som). Nele, para se tocar "pesado", é necessário que somente as cordas soadas estejam vibrando e todas as outras estejam secas (mudas) - assim, solar é muito difícil. Pratiquei muito. Nota: serve para qualquer distorsor.

Eu usava também outro distorsor da E-H, o LPB-1, pequeno, que deveria ligar diretamente à guitarra mas que eu inverti os cabos - e ligava então, direto no amp. Ele pifou. Pedi então ao meu primo Roberto Genova (filho de José Genova - fundador do IPT) que viajava muito, que comprasse em NY um LPB-1 novo e também um Big Muff.

O Roberto encontrou a E-H fechada porque havia tido um crime lá (coisa de Satanás). Na outra vez em que ele foi a NY, encontrou a E-H aberta novamente (foi só por uma semana - depois houve crime maior), encontrou o dono e este lhe entregou um Big Muff π especial "que ele estava bolando".

É este aqui (de 1980) que tem um switch na trazeira fazendo um bypass na equalização (um som super cheio). Deve ser muito raro, porque depois, o dono fugiu para a Russia. Não há no Brasil. Verifiquei que a nova E-H lançou um modelo que imita o efeito desse pedal - não é a mesma coisa, mas deve ser bom.


Multi-efeitos DIGITECH RP-3

Multi-efeitos DIGITECH RP-3 (1994)

Tenho melhores que este (ex.: Boss SE-70, Digitech RP255), mas nenhum aparelho reune num só pacote, simples, tanta facilidade e qualidade num preço imbatível. Comprei o meu, usado (R$200), como "step" pensando que, como todo multi-efeitos (digital) para guitarra, não teria a "velocidade" exigida. Além disso, comparado com os outros modelos Digitech (sempre bons), era o que oferecia menos recursos.

Erro meu, graças a Deus. Uso o RP-3 sempre, em qualquer situação: pre-amplificador, pré para microfone-sem-fio e ... certo, multi-efeitos para guitarra. O som é limpíssimo, os presets "user" são fáceis de programar, editar (inclusive no palco) e usar; o afinador é muito rápido e conveniente e seus pedais de controle são perfeitos. O Wha-wha é único (eu não uso, não é minha praia). Minha opinião: qual seja o instrumento (sax, violino), eu não sairia sem ele. Até o violão acústico ... continua acústico.

Há um forum na Internet só para "patches" (programas) do RP-3. O sistema DNA da Digitech é insuperável e a operabilidade deste modelo mais barato exclui qualquer comparação.

A Digitech lançou o DNA2 (eu tenho o RP255) onde o som é melhor ainda (mais que perfeito), mas os novos modelos são complicados de mexer, mesmo que capazes de produzir qualquer simulação de som existente, de novo, por um preço imbatível (o mais caro: $300).

É o mundo a seus pés, literalmente. Além disso, gosto porque é amarelo.


Nota Final: Se eu não falei de muitos aparelhos "unânimes" foi porque, no fundo, não eram tão bons. Têm nome mas não convencem. Mesmo assim, cito abaixo alguns aparelhos admiráveis que "já se foram" por quebra (sem foto), também insuperáveis:

Estes 4, foram fruto da "era da inovação" (±1975). Aparelhos técnicos e complicados, podiam simular situações únicas e, por serem analógicos, nunca puderam ser substituídos.