MARVADA PINGA (C)

Inezita Barroso

Co'a marvada pinga é que eu me atrapaio

Eu entro na venda e já dô meus taio

Pego no copo e dali num saio

Ali mesmo eu bebo, ali mesmo eu caio

Só pra carregá é queu dô trabaio, oi lá!


[Venho da cidade, já venho cantando

Trago um garrafão que venho chupando

Venho pros caminho, venho trupicando

Chifrando os barranco, venho cambeteando

E no lugar que eu caio já fico roncando, oi lá!]


O marido me disse, ele me falô

Largue de bebê, peço pro favor

Prosa de home nunca dei valor

Bebo com o sor quente pra esfriá o calô

E bebo de noite que é pra fazer suadô, oi lá!


Cada vez que eu caio, caio deferente

Meaço pra trás e caio pra frente

Caio devagar, caio de repente

Vou de currupio, vou deretamente

Mas sendo de pinga eu caio contente, oi lá!


[Pego o garrafão é já balanceio

Que é pra mor de vê se tá mesmo cheio

Num bebo de vez por que acho feio

No primeiro gorpe chego inté no meio

No segundo trago é que eu desvazeio, oi lá!]


Eu bebo da pinga porque gosto dela

Eu bebo da branca, bebo da amarela

Bebo no copo, bebo na tigela,

Bebo temperada com cravo e canela

Seja quarqué tempo vai pinga na goela, oi lá!


Eu fui numa festa no rio Tietê

Eu lá fui chegando no amanhecê

Já me deram pinga pra mim bebê

Já me deram pinga pra mim bebê, tava sem fervê


Eu bebi demais e fiquei mamada

Eu cai no chão e fiquei deitada

Aí eu fui pra casa de braços dado

Ai de braço dado ai com dois sordado

Ai, muito obrigado!


(Ochelsis Laureano e Raul Torres)